O green jobs lab é uma nova rubrica onde exploramos green jobs, o que são, o seu impacto e de que forma estão relacionados com a sustentabilidade. A grande novidade: a possibilidade de ouvir e interagir com profissionais com trabalhos inspiradores.

O green jobs lab está construído com base na ideia de que é urgente mudar o mundo profissional se queremos verdadeiramente contribuir para um planeta e sociedade saudáveis.
Na verdade, não acreditamos num mundo profissional nem em “work-life balance”. Acreditamos antes em “life balance” porque sabemos que olhares segmentados ao invés de integrados (na forma como olhamos para as nossas vidas, para as indústrias que as apoiam, ou para a ciência) são parte do problema, não da solução.
Para nós, os green jobs são muito mais do que apenas “empregos verdes”. Mais do que trabalhos ligados à proteção ambiental terrestre, são também posições que contribuem para a proteção da vida marinha ou para um melhor funcionamento de estruturas sócio-económicas e que podem (e devem!) ser redesenhadas.
Olhamos para os green jobs com a esperança do verde: esperança que tenhamos um planeta habitável para as gerações presentes e futuras. E olhamos para eles com a certeza de que disto depende o ciclo económico de produção e de consumo, que está diretamente ligado a múltiplos trabalhos: alguns que devem ser extinguidos, ajustados, desenvolvidos ou ser criados de raíz.
Não olhamos para todos os green jobs da mesma forma. Há green jobs e green jobs, todos com o seu valor e – acreditamos – indicados para as diferentes fases das nossas vidas e o conhecimento que vamos adquirindo sobre o que é necessário fazer para termos um planeta e sociedade saudáveis.
Exemplos de green jobs e diferentes formas de ter impacto

Nos andares cimeiros do prédio acima temos trabalhos mais “normais” nos quais a missão (o “why”) contribui para a sustentabilidade.
Falamos de marketeers a promover menos consumo, de gestores de projetos sustentáveis ou de operadores energéticos que apoiam a instalação de energia solar ou eólica. Podemos também pensar em investigadores focados em ciência para avaliar os impactes humanos no planeta ou na elaboração de políticas para uma melhor gestão de resíduos.
Todos estes trabalhos são “normais”, no sentido que podiam ser replicados em prol de finalidades menos “nobres” - como promover uma petrolífera ser “carbon neutral”, ou elaborar políticas de investimento em setores intensivos em carbono.

Nos andares centrais encontramos posições mais específicas de quem trabalha de forma mais direta em sustentabilidade. Trabalhos em ESG (Environmental, Social, and Governance) – com todas as limitações deste framework –, analistas de ciclo de vida dos produtos, profissionais a trabalhar na medição de pegadas de carbono ou em referenciais de reporte da sustentabilidade.
Temos também profissionais a tentar encontrar um valor para as funções dos ecossistemas, que trabalham em conservação de espécies marinhas ou terrestres, em alternativas ao consumo excessivo de proteína animal (e.g. insetos), entre outros.
E por fim, na base, temos profissionais a trabalhar em modelos ou políticas alternativos – sobretudo económicos e de governança – que apoiam a mudança sistémica e sem a qual tudo o resto será escasso. Falamos de movimentos de grassroots, ecovillas a testar modelos – de produção, consumo, satisfação, colaboração, celebração e decisão – a uma escala mais pequena, projetos de localização (com pensamento de colaboração global), de educação e sensibilização em temas fora do mainstream... Nestes andares base estão incluídos muitos profissionais dos níveis acima, mas cujo trabalho tem um foco mais holístico e estruturante.

Green jobs: contribuir para a mudança começando pela base
E porquê um prédio? Porque se a ideia de que não há limites para a imaginação humana levou a que aqueles nos topos das hierarquias tivessem (em tempos) os seus escritórios nos andares de cima, nós acreditamos que é na base que a verdadeira mudança acontece. Inspiramo-nos na natureza e no facto de ser pelas raízes, através de sinergias com redes de fungos, que plantas e árvores trocam nutrientes, energias, alertas, e muito mais!
Acreditamos que é através do poder do coletivo localizado – que tem dores, ambições, experiências e formas de ver o mundo semelhantes – que conseguimos mudar sistemas desalinhados com a forma como a vida no planeta funciona. Sistemas em crise cujas soluções devem estar assentes em características e no potencial bioregional: daí que muitas soluções “globais” não sejam boas soluções “locais”.

Vamos mais longe e questionamos o próprio mundo do trabalho (sem nenhuma posição particular).
Olhamos para a história para perceber que os nossos antepassados não tinham metade dos nossos confortos mas trabalhavam muito menos horas (2-3). Com isto desafiamos a ideia de mais eficiência se ela servir (como tem servido) para fazermos mais no mesmo tempo, conduzindo a um crescimento económico infinito indissociável da destruição planetária.
Por isso pensamos em quão interessante seria se mais eficiência significasse fazer o mesmo em menos tempo, deixando mais espaço livre para o que realmente importa: atividades de lazer, artes e rituais, conexões sociais, mais tempo na natureza. Não seria ótimo termos menos stress, mais tempo para cozinhar ou cuidar dos nossos entes queridos?
Pensamos, por exemplo (sem nenhuma posição particular), em rendimento básico universal e em como não trabalhar não deve significar não ser digno de viver. Pensamos em recompensar o esforço, iniciativa, visão e resiliência mas não sem limites, o que tem levado a uma concentração completamente desigual da riqueza (que tem crescimento exponencial) do planeta.
No green jobs lab pensamos em muitas coisas… e experimentamos. Sem limites. Sem ideias preconcebidas. Damos as boas vindas a novas formas de pensar bem como desenhar um planeta saudável.

O que é exatamente o green jobs lab?
Numa primeira fase, vamos partilhar conteúdos sobre o que são green jobs: como estão a surgir, quão importantes são e que bons exemplos há por aí.
A ideia é guiar e inspirar quem esteja a pensar mudar de carreira para ter um impacto mais positivo e não saiba bem por onde começar ou o que gostava de fazer. Ou quem queira perceber melhor os desafios e oportunidades em áreas emergentes (dada a sua urgência). Ou quem queira ficar onde está e contribuir para a mudança de dentro, inspirando-se no que outras organizações já fazem.
Para tal, vamos partilhar conteúdos regulares sobre o tema e convidar profissionais no ativo para nos contarem (online e em tempo real) sobre a sua experiência, como é o seu dia-a-dia e o que é necessário (soft e hard skills) para desempenhar uma função semelhante.
Nestas conversas, que terão maioritariamente convidados Portugueses, qualquer uma das 20 pessoas (que será o número máximo de participantes, para mantermos um ambiente intimista) poderá fazer perguntas, pedir conselhos, esclarecimentos e… alargar a sua network!
Numa segunda fase, o que vamos fazer… é surpresa! Mas fiquem ligados para descobrir porque vamos ter 1/2 conceito(s) completamente novo(s) em Portugal!
Com humanidade e ambição de saúde planetária,
A equipa tools for good